Lhe ofereço o convite para um momento de pausa com Fernando Pessoa:
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas.
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não, não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exatamente aonde o meu braço chega –
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras.
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa.
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.